As eleições no Maranhão mostraram que o centro, tanto na vertente à direita quanto à esquerda, foi o grande vencedor do pleito municipal. Mais do que isso, o radicalismo de direita e também o de esquerda foram simplesmente rejeitados nas urnas, tendo a esmagadora maioria do eleitorado dito, em tom elevado, que não quer conversa nem com um nem com outro. Esse recado, enfático, foi dado a correntes ligadas ao PSTU, PSOL, PCB e às partes mais radicais de PT e PCdoB e, ao mesmo tempo, à banda extremada do bolsonarismo encrostada em partidos como o PL, Republicanos, PRTB. Novo e PMB. O resultado trazido à tona pelas urnas mostrou que a mensagem mandada pelo eleitorado inclui a sugestão para que essas correntes movidas a extremismos devem repensar suas posturas e calibrar as suas atuações se não quiserem ser varridas do mapa político-partidário do país em eleições vindouras.
O melhor exemplo disso foi evidenciado nas eleições ocorridas em São Luís e Imperatriz, os dois maiores colégios eleitorais do Maranhão, os quais, juntos, totalizam quase 1 milhão de eleitores. Nesses dois colégios os candidatos produzirem painéis com o espectro ideológico que vai da extrema direita à extrema esquerda. E o resultado foi revelador da rejeição aos extremos. Pela extrema direita, candidatos de PRTB, PMB, Novo foram simplesmente rejeitados pelo eleitorado, tendo o mesmo acontecido com xiitas da extrema esquerda, que nada conseguiram com seus discursos raivosos.
Em São Luís, os candidatos da esquerda mais extremada – PSOL, que teve como candidato o professor, advogado e jornalista Franklin Douglas, e o PSTU, cujo candidato foi o professor e servidor público Saulo Arcangeli – sofreram uma rejeição vexatória, com seus representantes recebendo pouco mais de 2%, somados. Ambos fizeram questão de deixar claro, ao longo da campanha, que não estavam interessados na Prefeitura de São Luís, mas simplesmente alimentar um discurso que perde consistência a cada eleição. O objetivo de ambos como candidato a prefeito foi “vender” o plebiscito que perguntou ao eleitor se ele concorda ou não com a implantação do transporte coletivo gratuito para estudantes. O eleitor votou no plebiscito, mas ignorou ostensivamente os candidatos do PSOL e do PSTU.
Da mesma maneira, a direita radical, que teve o deputado estadual Wellington do Curso (Novo), e a extrema-direita cujo candidato foi o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) foram duramente rejeitadas nas urnas. Wellington do Curso atuou como representante de uma direita que não nem é nem cabeça, saída dos extratos mais primários do Exército e que também não soube expressar as ideias conservadores do Novo. Já o deputado Yglésio Moises, que assimilou como poucos os ideais reacionários do bolsonarismo, recebeu um sonoro “não” do eleitorado, mesmo tendo conseguido a proeza de trazer o líder dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a São Luís. E o recado maior: São Luís reelegeu Eduardo Braide (PSD), um político moderado de centro-direita não afeto a extremismos.
O exemplo de Imperatriz também foi claro: o eleitorado preferiu Rildo Amaral (PP), um político de centro, que manteve o discurso equilibrado e com ele derrotou Mariana Carvalho (Republicanos), um exemplar acabado da direita radical, que defende os “ideais” do bolsonarismo, como armar a população, criminalizar o aborto e outras pautas de costume.
Os próximos tempos dirão se o recado das urnas foi assimilado ou não pelos grupos que se movem pelos extremos e que são fatores de risco para a democracia, haja vista o 8 de Janeiro de 2023.
Do Repórter Tempo