Ministro do Governo Lula pede demissão após aparecer em imagens colaborando com os atos do 8 de janeiro

Após imagens reveladas com exclusividade pela CNN que mostram o general Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes, o ministro pediu demissão nesta quarta-feira (19).

Ele havia se reunido nesta quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pouco antes da CNN confirmar seu pedido de demissão. Dias era tido como um militar próximo do presidente, por ter atuado em sua segurança pessoal durante os primeiros mandatos, de 2003 a 2009, e também durante a campanha de Lula para as eleições de 2022.

A saída do general ocorre após a divulgação de vídeos exclusivos da CNN do circuito interno de câmeras do Palácio do Planalto. Eles exibem Dias dentro do Palácio durante o ataque aos Três Poderes que ocorreu em 8 de janeiro, mais precisamente às 16h29. Inicialmente, ele caminha sozinho no terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete.

Após alguns minutos, o ministro aparece caminhando pelo mesmo corredor com alguns invasores. As imagens sugerem que ele indica a saída de emergência ao grupo de criminosos. Em seguida, surgem nas imagens outros integrantes do GSI, que parecem indicar também o caminho de saída para os invasores que estavam no terceiro andar do Palácio do Planalto.

Também é possível ver um capitão do Exército, integrante do GSI, circulando entre alguns invasores. Em uma das câmeras, na antessala do gabinete presidencial, ele faz um gesto a uma invasora e abre uma porta. O capitão do Exército aparece conversando com alguns invasores e, em seguida, os cumprimenta com um aperto de mão.

Outra câmera do terceiro andar, em outro momento, registra o mesmo capitão do Exército tentando conter um dos vândalos. No entanto, o responsável pela segurança não reage quando outro criminoso pega um extintor de incêndio. Segundo apuração da reportagem, o capitão do Exército e responsável pela segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, atualmente, não integra mais a equipe do GSI.

Confira as imagens:

O governo federal publicou uma nota sobre o envolvimento de militares no 8 de janeiro, mas não falou explicitamente sobre a demissão do coronel Gonçalves Dias. Veja a nota na íntegra:

“A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio. As imagens do dia 8 de janeiro estão em poder da Polícia Federal, que tem desde então investigado e realizado prisões de acordo com ordens judiciais. No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões. Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI. O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro”.

 

Da CNN Brasil.

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